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O Tempo Passa, Meu AmorO tempo passa e as memórias do amor
Regressam até mim,
caríssima, não mais trocistas
Do que foram sempre; o tempo passa, nem mais lento,
Nem mais rápido, inabalável; e já não
Amargas, meu amor, as memórias do amor
Vindo dar à costa.
Como irá findar? O tempo passa e do amor as nossas travessias
Como sempre, meu amor, cegas
Como sempre foram; o tempo enlaça, desenlaça
Em redor de nós; e contudo a lembrança
Nunca menos cruel, nem a chama do amor
Menos como uma brasa.
Que será de nós? O tempo
Passa, meu amor, e nós numa cerrada
Segurança inexpugnável
À memória. Como pode findar,
Este cerco de uma costa que nenhuns receios aceraram,
Nenhumas dúvidas defendem?