jóias de família

Nuestros tesoros son tesoros falsos.
Y somos los ladrones de tesoros.

Felipe Benítez Reyes

quinta-feira, outubro 20, 2005

 

Livros para deixar em testamento #1

"Non erano Muse perché erano mortali e potevano essere fotografate. Più o meno, erano (o finirono per diventare) mogli di qualcun altro, attrici o ballerine, maestre di scuola, bibliotecarie, donne di mondo, segretarie, ereditiere, divorziate, infermiere e quant'altro... E poi erano nevrotiche, serene, semplici, sregolate, puritane, religiose, ciniche, elegantone, sciattone, quanto mai sofisticate, poco più che analfabete. Alcune se ne infischiavano della poesia ed erano disposte a buttarsi nelle braccia di un cialtrone qualsiasi piuttosto che in quelle di un ardente ammiratore.
(...) Guardatele dunque in quanto tali, come involontarie e inconsapevoli emissarie dell'Arte mandate nel mondo a stimolare i più consapevoli adepti dell'arte: loro li hanno messi in azione, loro hanno fatto sì che la penna s'intingesse nel calamaio. Questo modo di vedere le cose non è più meccanicistico di quello che attribuisce la nascita di una poesia al disordinato appetito sessuale del suo autore. Il fatto che a volte ci vogliano più - o magari meno - di due persone per far nascere una poesia, è forse soltanto una prova che l'arte non è necessariamente un tango; e che in un poeta il desiderio di amare, e a maggior ragione il desiderio di dire "tu", può manifestarsi in presenza o in assenza di una qualche particolare attrazione."
Josif Brodskij
Encontrei este livro na minha primeira passagem em Itália e imediatamente me apercebi estar perante um objecto raro, que não é (apenas) uma peça de literatura, (apenas) um livro de fotografia, (apenas) um trabalho de notas biograficas ou ensaio sobre poetas, mas um trabalho de gratidão e reconhecida generosidade pela existência destas mulheres e homens, que nestas páginas formam uma constelação de rostos e identidades que sugeriram os poemas - os únicos sobreviventes dos seus segredos, as suas culpas, os seus triunfos.
É Josif Brodskij, (entre nós conhecido pela versão americanizada do seu nome - Joseph Brodsky), quem, com delicadeza, nos apresenta os contornos que unem estes corpos, através de uma introdução que desenvolve o conceito da Musa, para em seguida nos lançar em breves apontamentos, para os poetas e o que em determinado momento foram a expressão e a força das suas vozes, mulheres e homens, em retratos que na página unem o que por vezes em vida nunca se encontrou ou foi efémero.
Um conjunto de poetas, que nesta forma nos deixam claro que "a premissa essencial do amor é a autonomia do seu sujeito".
.RMR

Comments:
Blogue com epígrafe de um poeta de cuja poesia tanto gosto é um blogue certo nas minhas visitas.
 
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