jóias de família

Nuestros tesoros son tesoros falsos.
Y somos los ladrones de tesoros.

Felipe Benítez Reyes

segunda-feira, outubro 31, 2005

 

Fruta de Outono










The Pomegranate

You tell me I am wrong.
Who are you, who is anybody, to tell me I am wrong?
I am not wrong.

In Syracuse, rock left bare by the viciousness of Greek women,
No doubt you have forgotten the pomegranate trees in flower,
Oh, so red, and such a lot of them.

Whereas at Venice,
Abhorrent, green, grey-bearded,
Whose Doges were old and had ancient eyes,
In the dense foliage of the inner garden,
Pomegranates like bright green stones,
And barbed, barbed with a crown,
Oh, horrible crown, of spiked green metal,
Actually were growing.

Now, in Tuscany
Pomegranates to warm your hands at,
Braziers,
And crowns,
Kingly, generous, tilting crowns,
Over the left eyebrow.

And, if you dare, the fissure!

Do you mean to tell me you will see no fissure?
You prefer to look on the plain side?

For all that, the setting suns are open
The last day fissured open with to-morrow,
Rosy, tender, glittering within there.

Do you mean to tell me there should be no fissure?
No glittering compact drops of dawn?
Do you mean it is wrong, the gold-filmed skin, integument, shown ruptured?

For my part, I prefer my heart to be broken.
It is so lovely, dawn-kaleidoscopic, within the crack.


D. H. Lawrence
.RMR

sábado, outubro 29, 2005

 
reconheço a importância do dicionário de sinónimos para a composição dos poemas;
mas, no momento em que me encontro, o que precisava mesmo era de um de antónimos.
.RMR

sexta-feira, outubro 28, 2005

 

Hans entra durante a última frase e acende a luz.


QUITT (para Hans.)
Não precisamos de luz.

HANS
Apaga a luz e sai de cena.

PAULA
Oiço o tiquetaque do meu relógio de pulso.

QUITT
Com certeza que tem posses para comprar um relógio silencioso. Mas provavelmente não se trata de um relógio, mas sim de uma peça com valor sentimental. Portanto, faça o favor de se lembrar.

Pausa.

Ou faça o favor de não se lembrar.



Peter Handke, "Os insensatos estão a extinguir-se", Alexandria, Lisboa 2005
.RMR

quinta-feira, outubro 27, 2005

 
Portrait by Nathan Altman of Anna Akhmatova, 1914 ©

"Quando o pai soube que a sua filha estava prestes a publicar uma colectânea de poemas numa revista de São Petersburgo, chamou-a e disse que, embora nada tivesse contra o facto de ela escrever poesia, pedia-lhe que "não conspurcasse um nome respeitado" e usasse um pseudónimo. A filha concordou, e foi assim que "Anna Akhmatova" entrou na literatura russa, em vez de Anna Gorenko."

Joseph Brodsky, "A Musa Lastimosa"

in "Menos que Um"

.RMR

domingo, outubro 23, 2005

 

Martin Fuchs, 42nd Street - Grand Central Station, 2005
.ZAS

sábado, outubro 22, 2005

 

E tu?

"¿A qué memoria perteneces?"
.RMR

quinta-feira, outubro 20, 2005

 

Livros para deixar em testamento #1

"Non erano Muse perché erano mortali e potevano essere fotografate. Più o meno, erano (o finirono per diventare) mogli di qualcun altro, attrici o ballerine, maestre di scuola, bibliotecarie, donne di mondo, segretarie, ereditiere, divorziate, infermiere e quant'altro... E poi erano nevrotiche, serene, semplici, sregolate, puritane, religiose, ciniche, elegantone, sciattone, quanto mai sofisticate, poco più che analfabete. Alcune se ne infischiavano della poesia ed erano disposte a buttarsi nelle braccia di un cialtrone qualsiasi piuttosto che in quelle di un ardente ammiratore.
(...) Guardatele dunque in quanto tali, come involontarie e inconsapevoli emissarie dell'Arte mandate nel mondo a stimolare i più consapevoli adepti dell'arte: loro li hanno messi in azione, loro hanno fatto sì che la penna s'intingesse nel calamaio. Questo modo di vedere le cose non è più meccanicistico di quello che attribuisce la nascita di una poesia al disordinato appetito sessuale del suo autore. Il fatto che a volte ci vogliano più - o magari meno - di due persone per far nascere una poesia, è forse soltanto una prova che l'arte non è necessariamente un tango; e che in un poeta il desiderio di amare, e a maggior ragione il desiderio di dire "tu", può manifestarsi in presenza o in assenza di una qualche particolare attrazione."
Josif Brodskij
Encontrei este livro na minha primeira passagem em Itália e imediatamente me apercebi estar perante um objecto raro, que não é (apenas) uma peça de literatura, (apenas) um livro de fotografia, (apenas) um trabalho de notas biograficas ou ensaio sobre poetas, mas um trabalho de gratidão e reconhecida generosidade pela existência destas mulheres e homens, que nestas páginas formam uma constelação de rostos e identidades que sugeriram os poemas - os únicos sobreviventes dos seus segredos, as suas culpas, os seus triunfos.
É Josif Brodskij, (entre nós conhecido pela versão americanizada do seu nome - Joseph Brodsky), quem, com delicadeza, nos apresenta os contornos que unem estes corpos, através de uma introdução que desenvolve o conceito da Musa, para em seguida nos lançar em breves apontamentos, para os poetas e o que em determinado momento foram a expressão e a força das suas vozes, mulheres e homens, em retratos que na página unem o que por vezes em vida nunca se encontrou ou foi efémero.
Um conjunto de poetas, que nesta forma nos deixam claro que "a premissa essencial do amor é a autonomia do seu sujeito".
.RMR

 
Senhoras e Senhores, este blog está oficialmente aberto.

A Gerência,
RMR
ZAS

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